segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Deus Ex: Human Revolution - tecnologias da saúde para a evolução humana


Arte conceitual do protagonista do jogo
Esse é o jogo que me convenceu que jogar AAA valia a pena. Antes eu só jogava os indie games, sabe? Ele também faz parte da minha pesquisa de mestrado, mas aqui vou somente fazer uma notinha sobre saúde, sem fazer justiça aos milhares de assuntos legais que brotam da análise do jogo.
A história é cyberpunk (para mim, o melhor exemplo de filme neste gênero é Blade Runner) e se passa no ano de 2027, quando próteses passam a ser usadas não mais para substituírem membros perdidos, mas para aprimorarem o corpo humano, a ponto de serem chamadas de augmentation (aprimoramento). A direção de arte do jogo criou o estilo estético Cyber-Renaissance, um estilo futurístico com elementos inspirados no Renascimento, porque é o período identificado como o momento em que a humanidade começa a entender o corpo como se fosse uma máquina. Só daí brota assunto da saúde que não acaba mais, pois há vários autores que identificam esta metáfora como uma forma hegemônica de pensamento que vem conformando a medicina há centenas de anos.
Banner de uma clínica Limb
O jogo também fala da forma capitalista de tratar a saúde. Aparentemente, todo o sistema de saúde é baseado nas clínicas Limb (Liberty In Mind and Body - Liberdade em Mente e Corpo) que fazem parte de um monopólio. Quando entramos em uma delas, nos deparamos com um banner digno de loja de departamentos onde está escrito "Serviço de crédito. Tenha aprimoramentos agora, pague mais tarde". Só faltava aparecer um NPC perguntando "O senhor já possui o cartão da nossa loja?".
Quem implanta coisas no corpo passa a ser dependente de um medicamento contra a rejeição natural, que é caro p'ra caramba e também é fornecido por somente uma empresa. Pois é, esta coisa de tecnologia para melhorar a vida das pessoas é a maior balela. O negócio é lançar produtos para obter muito lucro e lutar agressivamente para conseguir o monopólio do mercado.
Outra figura interessante é a da pesquisadora chefe que no início fala da pesquisa e desenvolvimento como forma de melhorar a vida das pessoas. (Spoiler adiante! Poxa, mas o jogo já é velho, né?) O nosso protagonista passa a história inteira em altos perrengues procurando ela para salvá-la e no final descobre que a danadinha está feliz da vida chefiando um laboratório no cativeiro, satisfeita com seus resultados e com seu estoque farto de cobaias humanas sequestradas sabe-se lá de onde.
A chefe de laboratório Megan Reed: 
a princesa está em outro castelo!

Pois é... No meio de tudo isso, lembremos que muitos autores afirmam que as obras de ficção científica não são previsões para o futuro, mas manifestações de questões da atualidade.
Apesar do jogo merecer centenas de páginas, vou parar por aqui!









Vale conferir o trailer, que fala muito sobre o jogo e a história de fundo: