domingo, 26 de julho de 2015

Gone Home



Gone Home é um jogo em primeira pessoa em que exploramos um ambiente e vamos juntando os pedaços de uma história. É muito bom! Lá fui eu jogar apavorada desde o início, porque o jogo acontece em um casarão no meio do mato, à noite e durante uma tempestade. Eu encarnei a irmã mais velha da verdadeira protagonista da narrativa, chegando naquela casa que nunca havia conhecido, depois de passar um ano na Europa. Puxa vida, chego no meio de uma tempestade e não tem ninguém para me receber.

Fui explorando aquele lugar escuro com um medo constante de encontrar um fantasma ou um cadáver a cada porta que abria. Até pentagrama demoníaco achei no sótão. Na verdade o jogo estava me trollando. Encontrei uma banheira com manchas vermelhas - Oh meu Deus! É sangue! - mas era tinta de cabelo. As coisas assustadoras eram só vestígios inocentes da minha irmãzinha, que entrou na adolescência e andou tomando aquele gosto de menina revoltada por coisinhas punk. Na verdade, o cartaz mais apropriado para história que descobri no jogo deveria ser esse aqui ao lado, olha só:


Mas... e a saúde? Ah... Não é que encontrei a danada lá?! Mas como ela é plural, está em todo lugar mesmo...
Encontrei um trabalho de escola da minha irmã sobre o ciclo menstrual. A tarefa consistia em ler frases fora de ordem de eventos que iam da ovulação até o início da menstruação e depois re-escrever na ordem correta. A danada da garota não se contentou com isso e acrescentou uma história passada na Polônia durante a II Guerra Mundial, em que, enquanto o óvulo fazia seu caminho sem ser fecundado, a protagonista sobrevivia a um ataque alemão e via seu amado morrer, junto com tantas outras pessoas. Segue abaixo a segunda página do trabalho:

Rá! Essa minha irmã não é mole! Pegou aquele texto típico da biomedicina, moldado por uma racionalidade científica médica que separa as coisas que acontecem no nosso corpo da nossa vida, e acrescentou uma história incrível. Me fez lembrar um problema detectado pelo departamento de DST e Aids do Ministério da Saúde: o material de comunicação de assuntos da saúde é ineficiente porque não dialoga com a vida cotidiana dos jovens. 
Claro que o contraste do texto “chapa branca” do exercício com a história dramática de guerra deixou um tom bem irônico no conjunto. O recado da professora “See me!” me deu calafrios. Claro que a garota foi castigada por sua insolência! Que nada. A professora a chamou para reconhecer seu talento para escrever e a convidou para participar de uma outra atividade de redação muito mais legal. Ah, como o mundo é belo nesse jogo...




Nenhum comentário:

Postar um comentário